domingo, 9 de junho de 2024

HELENA MACHADO: Uma história de Força e Emponderamento

 





HELENA E A FORÇA

‘’Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas” - Clarissa Pinkola Estés, autora do livro “Mulheres que Correm com Lobos”. O fenômeno literário viajou o mundo despertando a ideia sobre a forma como a mulher geralmente é tratada como inocente e frágil enquanto ela deveria ser tratada como um igual.

O livro reflete sobre o feminismo, os vários tipos de mãe, sobre a força selvagem da mulher e como esta foi destituída ao longo dos tempos. A erudição das Letras apresenta um molde aos padrões da força da fêmea em seu instinto, ora reprimido pela sociedade, como também ressaltar sua brandura e delicadeza sem ter sido ceifadas por esta força natural herdada das lobas. Quando uma mulher corre com os lobos, ela despe-se de sua fragilidade, assume a selvageria em forma de força, toma posse da fêmea que enfrenta qualquer predador quando com filhotes (ou não). Assume o protagonismo guerreiro, emponderando-se perante a alcateia.

 

HELENA E AS TRADIÇÕES

Helena e mãe Maria Lopez Machado-2

Antes da pessoa física da empresária Maria Helena Leite Machado, 65 anos, e suas atribuições civis, convido-lhes a pensar na história que ela traz consigo. A de uma mulher forte, cujas tradições não lhe negam a veia matriarcal e quão importante é o empoderamento feminino em suas raízes desde os idos da década de 1920. Oriunda de uma família de imigrantes espanhóis e alemães, Helena tem a pujança de mulheres que enfrentaram a Guerra Civil Espanhola, onde o exército nazifascista do ditador Francisco Franco Bahamonde enfrentou a oposição.

Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a avó materna de Helena, Maria Feroy (in memoriam), liderou um movimento de mulheres que peregrinaram entre cidades no sul da Espanha, como Andalucia, para trocar mercadorias e combater a escassez de alimentos. Enfrentando bombardeios e exaustão, elas completaram a jornada a pé, retornando vitoriosas, embora em condições precárias. Essa odisseia, marcada pela separação de suas famílias, simboliza a resistência e coragem feminina, características herdadas por Helena."

A soberania feminina exemplificada nesta jornada culminou com o regresso e louvor do público. Estourou a guerra e mediante conflitos bélicos, as correspondências foram extraviadas. A ancestralidade de Helena revela a origem de sua força e resiliência, entretanto, como diz a frase célebre a qual, aliás, erroneamente atribuída a Che Guevara: “há que endurecer, mas sem perder a ternura, jamais”. E ternura é seu carro-chefe. Quem teve ou tem a sorte de conhecer Helena sabe a leveza e ternura que sua companhia traz, além de um sorriso acolhedor que permanece. Vale lembrar que, não à toa, ela possui Maria no nome. 

LEMBRANÇAS DE HELENA

carinho Helena e mãe

As reminiscências não param. O contato com a mãe (Maria Lopez Machado), de 89 anos, tem como principal motivo retribuir o afeto que a vida lhes nutriu. Durante as visitas, troca de olhares, abraços, lembranças em conversas espaçadas. Deve ser o tempo em que mãe e filha foram separadas pelo trabalho. A família morava em São Paulo, na Lapa, mais especificamente na Vila Anastácio, lugar interiorano povoado por imigrantes europeus.

A mãe trabalhava em uma fábrica de fósforos cujo nome significava “faça luz”. Diante de mulheres provedoras, a empresária Helena aprendeu o caráter independência. Com nostalgia que invade a mente e pulveriza o coração, ela ainda recorda a avó materna. Era ela quem lhe supria de carinho, abastecia-lhe de brincadeiras. O passado remoto lhes apresentou guerra, mudança de país - do sul da Espanha para o Brasil, dificuldades, trabalho árduo, tempo longe dos filhos, trabalho fora do lar. 

 

HELENA E OS TEMPOS MODERNOS

feira milho-1

 Atualmente, mora com cinco gatos de estimação. Defensora da Saúde Pública e da causa animal, ela  também tem no currículo um enorme peso: o reconhecimento de seus dois filhos em ser uma boa mãe. Versátil, foi secretária diplomada, depois concursada, comerciante e empresária, além de exercer serviços autônomos como corretora de imóveis, confecção e comercialização de artesanatos e cosméticos. Esposa dedicada por 34 anos, em seguida, solteira e atualmente assim se mantém.

Atuou como incentivadora no empoderamento feminino no que se refere à descoberta do valor da mulher no grupo Sagrado Feminino, ao qual fundou. Talvez pelo fato irônico de ter sido muito repreendida, tolhida pela mãe - devido à época e seus costumes, e posteriormente pela sociedade machista a qual permeou seu casamento. 

 

MUDANÇA DE ARES

eu amo vinhedo-3

Ao se mudar de Santa Bárbara d'o Oeste (SP) para Vinhedo (SP), encarou costumes tradicionais e hábitos provincianos. Além disso, houve identificação com a colônia italiana de Vinhedo, devido aos seus rastros de imigração europeia. Seu maior desafio foi superar o relacionamento familiar em prol da criação dos filhos e o casamento difícil com separação em 2015. Sua história marcante foi o nascimento dos filhos. Mulher simples, de sofisticação apenas pelo caráter, ela é contra ostentação.

Conhecida na cidade como Helena da Tok de Luz, alusiva à loja de sua propriedade, por 13 anos, vendida em 2011. Libriana nata - ainda que incrédulos insistam que essas coisas de signo não existem - ela é amiga de muitos, desde pessoas que encontra nas feiras livres, parques, postos de combustíveis, bancas de revistas. Bem-quista, simpática na medida, porém séria, honesta e verdadeira.

 

QUEM ELA É?

hELENA FLOR MERCADO-2

Helena é dessas. Dessas que sempre continua. Dessas que encontramos mil motivos para confiar, conversar, trabalhar, sonhar junto. Helena é mãe, é cuidado, é protetora, é provedora, é ir atrás, é não desistir. É ela quem esteve e está à luta para buscar auxílio médico ao filho, medicações via judicial  sem jamais desistir. Para ela não existe derrota. Ela vai até o fim. Mas, onde é o fim? 

Ela continua longe em pesquisas nas áreas da Medicina Integrativa, na saúde preventiva, nas plantas medicinais e no muito o que há para se descobrir. Mulher empresária, ela não mede esforços para encontrar tratamentos neste universo tanto para diversas doenças infectocontagiosas como para outras patologias - mentais, por exemplo, a título de levar os ganhos intelectuais para a sociedade via Sistema Único de Saúde (SUS). Seu lema: “vim ao mundo para fazer a diferença” conversa com quem se nutre de amor ao próximo e acende o combustível de vida. Amar a humanidade, segundo Helena, é diversificar as bandeiras na promoção do ser humano para a coletividade.

HELENA MACHADO: Uma história de Força e Emponderamento

  HELENA E A FORÇA ‘’Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensi...